domingo, 26 de fevereiro de 2012

Hipérbole



Hipérbole

Rodrigo Moreira Campos (Led) - 11/03/2010


Para aquele dia sem graça,
Invento um amor novelesco,
Um amor impossível, brincar de arrancar sorrisos,
Puros, ingênuos, maliciosos...

Fazer possível o impossível, oceanar a vida!
Que caibam todas as estrelas em meu peito...

A Lua...
A lua não, fique ela lá no alto!
Ela é meu espelho...

Às vezes nela me olho, as vezes não...
Às vezes vou virando ela, virando...
e olhando cada cantinho do mundo,
Assim consigo achar você, mesmo quando estiver escondidinha...

Apenas a Lua



Apenas a Lua
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 09/03/2010

Uma cabeça, um turbilhão de pensamentos.
No bar não quis mesa,
Sentei-me na guia da calçada com minha garrafa de cerveja.

Na lua fixei-me
E a cada gole da cerveja ficávamos mais próximos,
Eu e ela.

Era ela, a lua, a minha confidente
A única que poderia entender os devaneios de um coração vagabundo, mas apaixonado
Ela conhece todo tipo de loucura,
E sabe o quanto é difícil para um cérebro controlar um corpo com coração dopado.

Explodi em pensamentos e contei tudo. 
Meus sonhos, minhas lutas, meus sentimentos...
Declamei meus últimos versos escritos,
Contei o quanto é difícil a vida na Terra e o quanto é prazeroso viver

Ora eu sorria, ora eu chorava;
Ora eu caía, ora eu voava;

Desabafei olhei firme para ela,
Contemplando toda aquela beleza.
Já estávamos bem próximos, bem íntimos.

Ela, a Lua, brilhou mais forte,
Foi um sorriso complacente,
Um carinho em apoio ao que eu sentia,

Então lhe fiz um pedido...
Lua, agora que me conhece,
Brilhe mais forte para ela
Encante essa garota, faça os olhos dela brilharem,
E, com o seu sorrido, mostre
Toda a pureza de meus sentimentos.

Onde está Minha Poesia?



Onde está Minha Poesia?
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 02/03/2010

A poesia não está nos versos que escrevo,
Ela está no brilho da lua de cada dia,
Na harmonia de meu corpo com a natureza,
No calor do amor que se desprende do corpo da mulher
Na luta e no sonho pela novidade

Os versos podem ser apenas gritos de angustia ou necessidade de comunicação
Versos sem poesias são como a embriaguez para fugir da dor
Uma fuga inútil.

Quero a embriaguez que celebra a vida
A poesia vivida
A alegria da criança que brinca

Preciso Dizer que te Amo



Preciso Dizer que te Amo
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 02/03/2010

Eu só queria dizer que te amo
E ter a chance de olhar o brilho de seu olhar e encher sua vida de poesias
Eu só queria dizer que te amo
Desnudar minha alma e brincar de lhe arrancar sorrisos
Eu só queria dizer que te amo
E trazer a Lua pra mais perto da gente n’um doce sonho de menino
Eu só queria dizer que te amo
Sem medo e sem palavras (elas mentem),
Eu preciso dizer que te amo com gestos, carícias e olhar...

Canto a Ovídio



Canto a Ovídio
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 21/02/2010

A mesquinhez do amor perdido
Lhe faz sentir o maior sofredor do mundo
O que eu preciso é de uma boa dose da poesia de Ovídio
Para redescobrir o prazer de ser vagabundo.

Embriagar-me nas doces orgias mundanas,
Brincar com a arte da conquista
Entregar-me ao prazer, não para que ele me aliene
Mas, sim, para livrar-me da alienação do Amor!

Entre o Sol e a Lua



Entre o Sol e a Lua
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 21/02/2010

A Vida intensa me faz intenso ao sentir.
Dois meses transformam-se em anos
Capazes de me transformar em um novo homem,
As unhas da menina e mulher brincaram no meu corpo,
E com sua magia artesanal tatuaram a marca do amor em meu coração,
Tão ágil que eu nem notei.

Dois meses passam tão rápidos
Que os olhos nem percebem
Meu corpo, mergulhado no prazer do choque de Afrodite com Dionísio, não sente
Minha mente incrédula não acreditou no que eu podia sentir
Quando percebi já estava só e tatuado
Incapaz de lhe esquecer,
Pois até a lua, tão bela para todos,
Ganhara um brilho especial e só me faz lembrar de você.

Devassidão



Devassidão
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 31/01/2010

Escolho a devassidão,
O lugar do Santo é preso no Altar,
Quero meu caminho repleto de tentações
Quero minha sede saciada pelo amor e pelo vinho dionisíaco.

O meu caminho é da noite, das esquinas e dos bares
Dos cultos herméticos contemporâneos
Da paixão repentina pela beleza Afrodisíaca

Na minha frente está Eros armado com uma metralhadora
Meu peito eu abro para receber dezenas de suas balas por segundo

O fim do meu caminho é a overdose de amor.

Mais Amor



Mais Amor

Rodrigo Moreira Campos (Led) - 21/01/2010

Um amor, é mais amor,
Quando não é a primeira vista.
Ele é semeado, é conquistado.

Um Amor, é mais amor,
Quando, espiado nu pela lua,
É expressado num estridente grito de prazer.

Um amor, é mais amor,
Quando é liberto e não intencionado.

O amor deve brilhar de magia e entendido toda sua complexidade na troca de olhar
O amor é de alma, é sincero,
Como o Lápis do poeta vagabundo que rabisca e grita no guardanapo do bar.

Mais uma das Letras de São Thomé



Mais uma das Letras de São Thomé
Autoria Coletiva da Galera presente em São Thomé das Letras na Virada 2009-2010

Eta chuva brava
Na hora de sair
Nem acreditei
No paraíso que eu vi

Nas ruas de pedras de São Thomé
Andei demais
Nadei nas cachoeiras
E o pó dos magos deixou
O Di para trás

Pig com bunda de fora
PV lesando
Todos fumando
E Led querendo mais

Eliene caindo na água
Nando rindo
E pessoal falando
Leandro toca demais

Na folia somos todos reis,
Renato na gastronomia
Completamos seis com
Mauricio na poesia

Tiago no seu role sozinho
E a galera bolando mais unzinho
Rindo com os gnomos
Na casa do Toninho

Na pirâmide Paula
Vê o pôr-do-sol
Enquanto Rani
Espera a Lua
Enrolada no lençol

Michele batizou a pedra do sol
Ano novo no cruzeiro
E ainda tinha 3 dias
Endoidando o tempo inteiro

Mad 3 a 1 pra churrasqueira
E Sandro, mesmo sem fumar
Pinguinzando a noite inteira

Neste tempo morávamos todos juntos
O mirante era o nosso quintal
A cidade que une maluco nunca satisfaz
Voltamos para casa
Querendo sempre mais

Minha Poesia



Minha Poesia
Rodrigo Moreira Campos (Led) - Dezembro/2009

A minha poesia é do avesso,
Quero botar o mundo de pernas pro ar
Colocar o Patrão pra trabalhar,
E fazer do trabalhador senhor de seu próprio destino

A minha poesia e desordenada,
Sou contra a ordem dos dominantes,
Quero quebrar pirâmides e derreter coroas

A minha poesia é amadora,
É de rua como o menino...
De rua...
Porque na rua joga pelada,
Na rua brinca de pique.
A rua é dele, a rua é nossa

A minha poesia é assim...
Ela brinca, ama, chora, bebe, vive e sonha
Sonha em mudar o mundo,
E muda...
Mas somente quando engatilhada em nossos punhos ou erguida em nossas bandeiras

Minha poesia é verde e amarela,
Mas por dentro é vermelha,
É sangue, é luta e tem como alvo o futuro

Ela é quente como o verão e alegre como o brasileiro pulando carnaval
Tem gente bonita e usa pouca roupa, é também libertina.

Minha poesia tem a foice e martelo cravada,
Mas também tem o beijo da mulher amada
E o sabor da cerveja gelada na mesa.

Contravenção



Contravenção
Rodrigo Moreira Campos (Led) - Outubro/2009

Estou seco em sede;
Sede de seus beijos com sabor de contravenção
Quero queimar a lei dos anjos com o fogo de seu amor.
Sussurrar ao pé de seu ouvido embaixo da barba do soldado que lhe guarda.
E ver em seus olhos a malícia do desejo e o medo do perigo.

Vamos misturar nosso sangue e formar uma poção ardente,
Teu calor desperta o meu corpo inteiro,
E me faz lembrar como um adolescente...
Daquele beijo escondido na fila do banheiro

Ártemis



Ártemis
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 21/06/2009

Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
E apaixonei-me um amor que não foi a primeira vista,
Pois numa vista rápida é impossível enxergar todo o seu esplendor.

Na cidade erguida sobre o cristal era seu brilho o que mais me encantava,
Deusa da caça, deusa Lua. Rainha da Noite e mãe de todos os animais.

Desafio a Júpiter que lhe cedeu o direito a virgindade
Confesso o meu pecado enquanto sonho, enquanto penso e enquanto te vejo.
E espero pelo castigo que mereço, dado aqueles que se deleitam diante sua nudez.
Pois bem, transforme-me num cervo que de minha matilha fugirei com toda minha coragem...
Não temo a morte, mas se é pra perder a vida como um cervo que seja pelo golpe fatal de sua flecha.

A cor que me guia



A cor que me guia
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 01/06/2009

Eu me recuso a parar de sonhar.
Sonho com o belo,
Sonho com o novo,
Sonho com a transformação.

Mas eu não sonho quando durmo, sonho quando luto;
Quando transformo,
Quando me uno,
Quando construo o novo.

O ceticismo nunca adormecerá a minha luta,
O pragmatismo nunca acinzentará as cores da minha vida,
Pois elas são fortes e vibrantes
E tem uma que é ainda mais forte, que é a cor que me guia,
É a cor vermelha,
A cor do meu sangue, a cor da minha bandeira.

Rompendo com a Psicanálise



Rompendo com a Psicanálise
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 23/05/2009

Nos fonemas do sufixo da Psicanálise ouço seu nome,
Que canta suavemente em meus ouvidos com a sensibilidade de alguém que enxerga minha alma nas entrelinhas de uma frase que saúda o seu dia

Seu olhar mexe com meu corpo e alcança minha alma
Seu corpo canaliza minha libido que sublima em ti os inocentes desejos do menino.
Mas há a espada do Arcanjo divino que nos separa e me fornece a migalha de só poder te ver através da fria tela do computador

Mas quando fecho os olhos e durmo, e sonho...
Quando afasto todos os bloqueios civilizacionais que me castram desde a infância.
Quando me é permitido sentir a satisfação de meus desejos
Eu sinto você tão próxima que chega a ser eu, e eu ser você.

Se a distância fortalece o superego, acabamos com ela,
Segure em minhas mãos e vamos romper com a Psicanálise num surto psicótico que estraçalhe o superego em milhões de partes
Vençamos esse arcanjo porque perto de ti,
Não há supereu, eu é isso, é desejo...

Cuidado com os Poetas



Cuidado com os Poetas
Homenagem ao Sarau do Binho
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 2009 (editado em 19/09/2013)

Desconfie dos poetas e das poetizas,
Essas pessoas brincam com as palavras,
Te envolvem, te seduzem,
E atacam sorrateiramente, sem que perceba.

É quase impossível fugir de suas rimas,
Eles são ousados,
Tem quem escreva versos em placas e amarre-as em postes.
Não se iluda, basta uma espiada e, logo...
estará com um livro da Clarisse Lispector nos braços!

Cuidado com os poetas,
Essas pessoas são subversivas,
Propagam a indignação e a desordem,
Se acham no direito de mudar o mundo!

Cuidado!
Eles estão por toda a parte,
São bruxos e bruxas!
Seu ritual mais sagrado é o sarau,

Nunca fique tranquilo!
 Pois quando estiver sossegado tomando sua cerveja gelada no bar...
Chegam eles, de mansinho e atacam em grupo!

Uma superdosagem de palavras ritmadas atingirão seu espírito...
Modificando-o pra sempre!

Qualquer pedaço de papel é uma arma nas mãos de um poeta!

Se um deles escrever algo num guardanapo do boteco,
Pelo amor de Deus, eu insisto, não leia!!!
Se ele insistir em declamar, abafe os ouvidos,
As consequências podem ser cruéis...
Já vi desde paixões repentinas até uma louca vontade de fazer revolução!

O Maior Amor do Mundo



O Maior Amor do Mundo
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 2009

Procuro um amor,
Um amor qualquer.
Seja o amor vagabundo que se esvai facilmente,
Ou o amor idealizado do poeta.

Há aqueles que não amam pelo temor do sofrimento,
Eu quero sofrer!
Sofrer por amor, intensamente...
Trancar-me no quarto sozinho, embriagar-me de cachaça materializando minha dor em poesias.

E amar...
Amar intensamente em cada momento de minha vida,
Rir, chorar, fantasiar, morrer, viver por amor!

Quero o amor da mãe,
Acolhedor e aconchegante...
O amor do amigo,
Que me acaricia nas horas difíceis e embriaga comigo na orgia

Quero o amor do olhar ingênuo e sorriso malicioso,
Que faz me perder na sede pelo pecado!
O amor do olfato,
Que impregna em minhas narinas e me enlouquece na solidão.

Quero o amor das unhas cravadas nas costas,
Que transforma os maiores tabus em fogo tão prazeroso.
O amor desse jeito que você me olha...
Penetrante
Quero um amor tão intenso que me permita dizer nesse segundo...
O amor que acabo de inventar pra nós dois,
É o maior amor do mundo!

Momentos



Momentos
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 2008

Parei a busca que me afligia,
Ela era responsável por meu tormento,
Não me permitia viver cada momento,
Que a vida, dura, me propicia.

A um certeza chego de repente,
A felicidade tão almejada não existe,
O que existe são momentos felizes e tristes,
Que precisamos viver intensamente.

A tristeza também é momentânea
Não há sofrimento que seja eterno,
Só um momento pode ser infernal ou etéreo,
Fazendo da vida viva e espontânea.


Pimenta nos Olhos



Pimenta nos Olhos

Rodrigo Moreira Campos (Led) - 2008

Pimenta nos olhos, daí sai poesia.
Poemas bons saem da dor, da revolta,
Da insatisfação de um povo que é reprimido.

Não me venha com “como a vida é bela”,
A vida não é bela, não dessa forma,
Desigualdade, injustiças, miséria...
Dores que a poesia, ou as armas, terão que remover.

A vida não é uma novela,
Finais felizes são difíceis quando se está com a barriga vazia,
E não os esperam aqueles que querem dar um passo a diante,
Pois sabem, depois de um passo é necessário se dar outro.

Por isso poesia que leio é poesia dos injustiçados,
Poesia de um povo que não se cala,
Poesia que pra muita gente,
É Pimenta nos Olhos!

Revolução



Revolução
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 2003

Não adianta não, tentar nos segurar
Porque de arma na mão vamos te enfrentar
Gritando revolução
Vamos te derrubar.

Coronel latifundiário sempre se escondeu,
Atrás de seus vários capangas e uma falsa escritura
Que o grilo comeu
Mas sinto lhe dizer, seu tempo está contado
E pelos crimes que você fez há de ser julgado

E você patrão quero lhe falar,
Pegue uma enxada na mão se quiser aqui morar
Pois se você não trabalha também não vai ganhar

Lobo Mau



Lobo Mau
Rodrigo e Jessé - 2003

Eu sou o lobo mau, lobo mau, lobo mau,
E pego os brasileiros pra fazer mingau

Ele bate em minha porta,
E grita em voz bem forte,
Se não abre eu armo um golpe,
Se não abre eu armo um golpe.

Entrou em minha casa,
Comeu minha criação,
Ensinou minha família,
A assistir televisão.

(refrão) (ALCA)ralho
(ALCA)ralho os Estados Unidos
(ALCA)ralho o FMI
A força do povo que está reprimido
Vai mandar vocês pra fora daqui

Minha casa é de madeira,
Meu telhado é de palha,
Mas aqui não botas as patas,
Nenhum lobo canalha.

Sua principal mania
Deixar as marcas em toda parte
Mas veja que ironia,
Sairá com as marcas de meu bacamarte.

(refrão)

Cerveja II



Cerveja II
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 08/07/2003

Cai sobre meus lábios o líquido gelado
Estático, sentindo o frescor pela minha garganta, eu fico
Rei agora sou, da coroa d’ouro, ouro gelado
Voltas e voltas, agora sou o maior do mundo
Energia gelada corre em minhas vias
Já não tenho mais tristeza, meu sangue é ouro

Até o maldito metabolismo do meu corpo acabar com sua última gota!

Rani



Rani

Rodrigo Moreira Campos (Led) - 09/10/2003

Rabisco e rasuras fizeram-me procurar,
O raiar do brilho dessa menina com nome de soberana rainha me fez rastrear
Rajadas e rajadas de luz fez-me acordar para o sonho
Rastejando na escuridão consegui levantar

Meu niilismo morreu ao te conhecer,
Numa explosão de nitroglicerina que me fez viver.

De temedor me tornou temerário,
Da teoria revolucionária me fez beber,
Com sua ternura me fez acalmar,
Mas a tentação de seu corpo me trouxe tensão.

Num abraço amigo abateu o velho eu,
Num beijo ardente fez-me amante, fazendo renascer o velho adolescente de sonhos ingênuos,
Acendeu minha alma que havia ficado presa embaixo da areia da ampulheta da vida

Domino meu sono, temo dormir e acordar desse doce sonho...

Romperei com o velho eu,
Rodarei em romaria pela minha vida,
E roubarei cada minuto de sua vida para que seja meu também.

Ressaca



Ressaca
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 13/10/2003

A dor reflete,
Toda impureza da orgia
Mas, por mais que acarrete
É o esquecimento que me traz mais agonia

Meu coração já não existe mais,
Meu rosto está escondido
Motivo pra viver a vida não me traz,
Quem dera se de prazer eu tivesse morrido

O que me chegou de bom eu enterrei
Das aventuras de um garoto tolo e covarde eu chorei
Lamentos e tristeza são o que resta.

Com lágrimas meu rosto é lavado,
De sonhos e espinhos sou cercado

Porém a esperança deixei que escorresse pela única fresta.

Por que foste?



Por que foste?
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 27/10/2003

Por que estás tão pálida?
Por que estás tão fria?
Por que não falas mais comigo?
Quantos sorrisos que me trouxeram felicidades,
Quantos beijos ardentes.

Por favor não me deixe,
Fale comigo,
Quanto tempo juntos e agora estás aí sem ao menos uma palavra

Estás tão vazia,
Pra onde fostes?
Quero ir junto, me leve
Não me deixe agonizando em vida!

A Felicidade Passou



A Felicidade Passou

Rodrigo Moreira Campos (Led) - 28/11/2003

A felicidade plena passou,
Como a brisa refrescante que sopra num dia de insuportável calor.
Passou ligeira, me refrescou
Deslizou rapidamente me deixando para trás.

Sem mais, volto a viver como antes,
Meu corpo maldito entrego as orgias e ao vinho,
O amor que é platônico não por opção minha
Só me traz sofrimento e poesia.

O único prazer que me resta é carnal,
Busque esse corpo, Baco, que não tem mais alma
Dê-me, Vênus, todos os amores que posso ter.

A luz piscou, se foi,
Restou eu, caminhando incessante,
Na solidão da boêmia terrena.

O Grito do Operário


O Grito do Operário

Rodrigo Moreira Campos (Led) - 30/10/2003

Pulsos cortados,
Poças de sangue,
Sofrimento, impotência
Não mais tristeza, simplesmente não se sente.

Ergamos, este sangue é acido que corrói
Corrói seu sistema

Que o inimigo trema,
Nada temos a perder,
O mundo vamos ganhar

Não mais queremos migalhas,
Devolva nosso prato que foi posto junto ao seu.

Mais uma vez trema,
Trema, estamos armados,
Trema diante a maior das armas,
Trama pois erguemos a bandeira vermelha.

Evolução



Evolução
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 11/10/2004

Havia um tempo que,
Preso à terra e a igreja,
O povo sofria...
Sofria em nome de Deus.

Surgiu uma classe para salvar,
Novos sonhos de liberdade,
A burguesia trouxe o novo,
Mas logo, o novo caducou...
E tornou-se velho

O homem que produz
Da terra de seu senhor libertou-se,
Poderia ele agora ir e vir.

Mas faltava-lhe a passagem do trem
As vestes que lhe protegem do frio
O pão para ele e seus filhos
A ferramenta para produzir o seu trabalho

Sem passagem, sem roupa, sem pão e sem ferramenta ficou prisioneiro de sua própria força de trabalho.

Mas desta vez,
O próprio homem que produz,
O proletariado que nasceu,
Pintou-se de vermelho e clama por liberdade!

Acróstico



Acróstico
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 2005

Graciosa menina que com seu suave encanto
Imobiliza minha razão e faz entregar-me a
Luz de seu brilho
Emerge de mim um novo eu
Unindo meu desejo ao
Sonho de estar perto e
Arrancar-lhe o mais lindo sorriso que emita uma mistura de ternura e malicia.

Regulamentação do Roubo



Regulamentação do Roubo
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 07/01/2005

Aquela cidade era comum, como qualquer cidade de médio porte. Pais de família no escritório, mães donas de casa, missa aos domingos, encontros na praça. Dias calmos e uma qualidade de vida modelo, de dar inveja às cidades vizinhas. Tudo porque ali os governantes se preocupam com o povo.
O penúltimo prefeito, por exemplo, resolveu acabar com o constrangimento dos moradores de viverem n'uma cidade devedora. Para por fim ao tão indesejável déficit público, cortou alguns gastos em educação, saúde e infra-estrutura e assim conseguiu equilibrar o orçamento.

Mas, não se sabe por qual motivo, há mais ou menos cinco anos surgiram os primeiros desempregados na cidade. Os jovens se rebelaram de repente não gostavam mais da escola. Os médicos, esses que foram o orgulho da cidade durante tanto tempo, agora estavam de mau-humor e não atendiam bem seus pacientes, o hospital não funcionava mais.

Mas o problema que mais indignou os moradores foi o roubo. De todo tipo. Assalto a mão armada, gangues de rua, roubo de galinha no quintal e roupas no varal. Não se podia bobear, que pronto, sumiu uma carteira, ou um relógio, ou um celular.

O povo pedia solução. A prefeitura agia. Para aumentar o número de soldados, reduziu o salário dos policiais. Outro presídio foi construído. Nada adiantava, e outro dia até o delegado foi roubado.

Mas um dia, ao acordar, a cidade se surpreendeu. As reações eram diversas, e se dividiam em aprovação e rejeição.

Alguns diziam:
_ Coitados, não têm décimo terceiro, seguro desemprego, férias, aposentadoria e ainda vão ter que pagar impostos.

Outros, incisivos:
_Negócio é negócio, tem que ajudar a cidade a crescer.

Mas os ladrões, estes sim se revoltaram. Protestaram, gritaram.
_Isto é um roubo!!!

Liam uma, duas, três, várias vezes a noticia no jornal.
"Prefeito Regulamenta o Roubo"

Era isso mesmo. Registro de ladrão, taxa máxima de assalto e, vocês não vão acreditar, 30% de imposto sobre o valor do furto. Era um absurdo.
Os ladrões se organizaram, formaram um grande sindicato. Em sua primeira greve abaixaram o imposto para 20%.

Vida em Silêncio



Vida em Silêncio
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 21/01/2006

A solidão me acompanha com passos mudos,
Silenciando a multidão em minha volta,
Trancando no chumbo o meu coração

Os músculos que parecem de aço, enfraquecem
O muro invisível só cresce
A vida e a morte se confundem numa mente confusa.

Só,
O caminho fica mais longe,
A vida se torna mecânica, perde a graça
A morte arrepia meu corpo de tão próxima

A solidão me acompanha com passos mudos,
Calando pessoas tão próximas
Varrendo estilhaços de sonho

Bons Amigos



Bons Amigos
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 13/03/2006

A solidão é minha parceira de guerra,
Já sentamos diversas vezes à mesa d’um bar,
Juntos refletimos, eu no mundo a gota lançada ao mar,
Sonhamos, choramos, sorrimos entre o espaço e a terra.

Caminhando e ignorando os perigos,
Travamos disputas, brincamos com a vida,
Festejamos e vivemos sem medida,
Brigamos como bons amigos.

Enfurecido a quis bem longe,
Mas o tempo, paciente como um monge,
Numa curva fez-me voltar sem muita escolha.

À mesa com a solidão de novo unido,
Ela soprando poesias em meu ouvido
E na minha mão um lápis que rebeldemente rabisca a folha.


Auge da Loucura



Auge da Loucura
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 2000

No auge da loucura todos rezavam o terço...
Qual era o motivo, seria uma chamado?
Um chamado ao inferno ou ao paraíso?
Um chamado à vida ou à morte?
Ou poderia ficar entre as duas?

Algo me chamava, era o bem ou o mal?
Angustia dominava o meu peito, mas porquê?

No auge da loucura todos rezavam o terço...
Rezavam pra Deus ou pra lúcifer?
Pra vida eterna ou para o fim dos tempos?
A verdade é que todos rezavam no auge da loucura.

De quem eram aquelas vozes?
Anjos ou obsessores?
Isto tudo seria real?
Ou era apenas um pesadelo?
Ou um bom sonho?
Mas no auge da loucura eles rezavam,

Pela minha continuidade ou pelo meu fim

Fuga Inútil



Fuga Inútil
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 2000

Estou perdido
Neste labirinto de milhões de rotas.
Procuro um caminho alternativo,
Nunca antes explorado

Preciso sair dessa paranóia,
Fugir deste lugar,
Encontrar algo diferente
Que realmente me faça delirar

Ando sempre angustiado,
Tento sair dessa prisão,
Procuro por todos os lados,
Meu caminho de libertação.

Minha fuga é inútil,
Sempre encontro em minha frente,
O mesmo muro que me prende,
Neste planeta cinza e fútil.

Sonhar e Viver



Sonhar e Viver
Rodrigo Moreira Campos (Led) - dez/2000

Perdi minha capacidade de sonhar,
Fecho meus olhos, só vejo cinzas,
Sujeira, este odor é horrível,
Civilização, sangue e guerra.

Ainda me lembro de meus belos sonhos,
Belos, coloridos e harmônicos,
Minha bela garota em meus braços,
Acordava eu esperançoso.

Nada mudava,
Lágrimas de dor me dominavam,
O mesmo odor de sujeira eu respirava,
A esperança enfraquecia e se ia.

Decidi fugir, seguir minha trilha,
Nova esperança, não preciso chegar a nenhum lugar,
Apenas seguir e delirar
Encontrar meus sonhos novamente,
Continuar vivo enquanto minha vida durar.

Cemitério



Cemitério
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 29-12-2000

Lá fora estão todos felizes e exaltados,
Um ano novo nasce,
Embora estranhem também estou feliz,
Aqui admirando a imagem bela e mórbida do cemitério.

Em cima do túmulo de um ser que descansa,
Outrora um belo jovem, talvez um poeta
Hoje diluído em caveira.

A mais linda garota em meus braços
A pele alva contrasta com o negro intenso de seus cabelos
O verde de seus olhos lembra do pouco de esperança que ainda me resta
A temperatura de teu corpo faz ferver minha alma
Meu corpo explode e me faz delirar.

Agora é sentir o calor intenso em cada segundo que se passa,
Trocar felicidades, contemplar aquele lugar...

É pena não haver mais tempo...
O Sol já vai nascer!

Vida Medíocre



Vida Medíocre
Rodrigo Moreira Campos (Led) - abril-2001

Viva, sua vidinha medíocre,
Seja feliz, em nosso belo sistema,
Sistema de merda, capitalista!

Olhares ameaçadores, disputas por espaço,
brigue por sua fêmea, seja ignorante e
feliz neste sistema!

Pague, por sua vida
Trabalhe, se promova à escravo,
Em nosso belo sistema, somos todos felizes, somos todos felizes.

Olhares ameaçadores, pessoas sem sentimento,
sustente seu inimigo, seja robotizado,
sirva-se de alimento!

E se você não tiver o que comer,
Foda-se
E se você não tiver como viver,
Foda-se
Porque aqui quem manda é o dinheiro!
Porque aqui só vive quem tem dinheiro!

Questionamento



Questionamento

Rodrigo Moreira Campos (Led) - 02-06-2001

Meu defeito é questionar,
Questionar e chegar a respostas que negam tudo,
Descobrir que toda minha vida é uma farsa
Aumentar minha dúvida, será que tenho alma?
Ou sou apenas uma marionete de barro?

Continuo a questionar e chego a perguntas sem respostas
Suas respostas me trazem mais perguntas que negam tudo e me deixam sem respostas
O que é o bem?
Quem sou eu?
O que é a vida? Será nada?
O que faço nesse imenso teatro?
Quem joga comigo? É difícil ser brinquedo.
Resposta não vêm, dúvidas aumentam,
Continuo perdido nesse jogo, mas por mais perdido que esteja jamais aceitarei miseras suposições.

Absorvendo a Escuridão



Absorvendo a Escuridão
Rodrigo Moreira Campos (Led) - 02-06-2001

Perdi meus pais cedo em um acidente de ônibus quando tinha apenas 13 anos de idade. Como um garoto órfão e sem irmãos fui bastante solitário, cresci decidido a viver em busca de novidades, sem me prender a nada, viajando e conhecendo novos lugares. A miséria do mundo me deixara um vazio que deveria ser preenchido, e por isso não poderia eu deixar-me prender por nenhum sentimento.
Em uma dessas viagens fui parar em uma cidade pacata e muito misteriosa. Cidade que mudaria toda minha história.
Minha primeira visão foi noturna, a cidade parecia morta. A neblina baixa dava ao clima uma tonalidade sombria. O Cemitério era lindo, as imagens dos túmulos pareciam vivas com o efeito da neblina e de meus movimentos. Naquela noite descansei ali mesmo.
Ao amanhecer já havia decidido ficar ali, havia encontrado a cidade que exaltava minha curiosidade. Hospedei-me em uma pensão fascinante, arquitetura colonial feita de madeira, na frente um belo jardim forrado de folhas mortas e duas arvores que, devido a época do ano, se encontravam quase secas.
No quarto ao lado do meu vivia um jovem misterioso, deveria ter seus vinte anos. Muito belo, rosto delicado, pele macia, barba rala e fina como de alguém que pouco se preocupa com a aparência. Sua pele tão alva que parecia ali não ter mais vida. Olhos verdes bem claros e cabelos longos intensamente negros fazendo que alguns poucos fios brancos parecessem acesos meio aquela escuridão. De tão lisos eles lembravam uma planta morrendo com todas suas folhas murchas. Sempre se vestia com roupas escuras e um sobretudo que por mais calor que fizesse não o tirava. Sua energia era tão forte e triste que se tornava quase impossível o encarar.
Dificilmente ele saia durante o dia, preferia passeios noturnos. Seu nome ninguém sabia. Pouco se falava sobre ele, as pessoas o temiam.
Um dia, em uma de suas raras saídas diurnas, passeava pela praça central da cidade. Em um dos bancos da praça estava sentada uma moça, seu semblante muito triste, algo a fazia sofrer. Ela era linda, longos cabelos castanhos, lisos mais muito vivos, olhos grandes cor de mel e levemente puxados com um ar felino e tão brilhosos quanto duas grandes estrelas. Sua pele morena macia como ceda, seu rosto delicado como de um anjo com a sedução da mais linda mulher. Seu corpo escultural fazia-me pensar ser ela a mais bela garota a existir.
O jovem misterioso caminhou em direção a moça. Alcançando ela segurou em sua mão e a tocou-a no seio como se sugasse sua energia negativa. Uma lágrima soltou-se e deslizou como uma gota de cristal sobre a linda face da garota. Quando ele deixou de tocá-la o semblante dela mudara, ainda um pouco assustada, mas sem toda aquela tristeza.
Ele levantou-se e sem dizer nenhuma palavra saiu andando levando embora toda a sua tristeza.
Alguns dias depois conheci a garota, seu nome, Vivian. Ela agora se dedicava a tentar conhecer o jovem rapaz, mas seu esforço era inválido. Quando o procurava nunca o encontrava e quando o avistava sempre o perdia misteriosamente. Chamá-lo era inútil, ele a ignorava como se não tivesse nenhum dos sentidos.
Passado um mês e meio eu e Vivian ficamos muito próximos, em comum tínhamos a vontade de conhecer o mistério daquele jovem, mas nada conseguimos.
Estava, eu, cheio de dúvidas. Confuso. Sentia-me preso àquilo. Tudo era novo e envolvia muito sentimento. Mas de novo o vazio tomava conta de mim. Minha decisão tardou mas não podia ser diferente, eu precisava ir embora.
No caminho para a rodoviária encontrei quem eu não queria, Vivian, nela se concentrava todo o meu desejo de ficar. Contei-lhe sobre minha decisão e ela me abraçou suavemente. Senti toda a leveza de seu corpo, desejava que aquele momento não acabasse nunca ou que eu pudesse morrer ali em seus braços sentindo o mais doce aroma à existir. Derramei sobre seus ombros as minhas mais sinceras lágrimas. Eu a amei como jamais amarei ninguém. Ela seguiu outro caminho e prometeu me encontrar na rodoviária antes que meu ônibus partisse.
Chegando à rodoviária sentei-me a espera de meu ônibus, tentava conter minhas lágrimas. Pensei em me matar, mas logo procurei desviar meus pensamentos. Retirei de minha mochila uma garrafa de vinho, do doce vinho que tantas vezes me consolara. Enquanto bebia avistei aquele jovem pela ultima vez. Ele vinha em minha direção como se soubesse o que se passava em minha cabeça. Eu já saboreava a doce embriaguez do vinho, mas naquele momento entendia tudo. Ele continuou a se aproximar, senti toda sua triste energia, era tudo tão forte. Meu corpo se estremeceu, comecei a chorar. Ele me encarava com aquele olhar tão vago e morto que jamais esquecerei, tocou-me no peito e o senti sugando toda minha energia, me sentia cada vez mais fraco, desmaiei.
Acordei já no ônibus com os lábios de Vivian tocando os meus. Seu hálito tão doce e perfumado que me lembrava um jardim com as mais lindas flores. Sentia-me leve, não tinha mais aquela angustia que há pouco me atormentava. Vivian disse já ter me encontrado no ônibus, pediu meu endereço e prometeu me escrever.
Passados uns três meses recebi uma carta de Vivian, nela me disse que o jovem rapaz havia cortados os pulsos. Não foi encontrado nenhum parente, apenas mais quatro pessoas que diziam terem sido ajudadas por ele, mas jamais ninguém ouviu sua voz. Com ajuda dos quatro Viviam organizou o velório e foram eles os únicos presentes em seu enterro.